terça-feira, 16 de outubro de 2018

Pobre Diabo

Do inferno ouvi seus passos,
E jamais pude odiar.
Meu peito e braços devassos,
São correntes, são pesar.

Roubarei asas a um anjo,
E o sol queimar-me-á.
O meu trono eterno eu esbanjo,
Quero vê-la, quem será?

Tenho medo que ela me veja,
E não consiga entender.
Pena que Ele não me proteja:
Quis-me a mim sem mal querer.

Quero morrer para te ter,
Sairei para não voltar.
Escutarei o tempo inteiro, 
Até conseguir encontrar.

A morte deu-me o teu nome,
Já sei até onde moras.
Já sei o frio, dor e fome.
Vida, como me devoras.

Vejo, ao fundo, a tua porta,
Uma laje branca florida.
Não morri para te ter morta.
Sei o inferno da vida.

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