quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Antídoto Tradição

Fonte: Tradição Portuguesa


Na correria por um amanhã,
Que não é meu, é de alguém transparente,
Inexistente, é de ninguéns em clã.
Sou ter para ter nada sem ser gente.

Um tudo mascarado de miséria,
Faz a gente correr pela fartura.
E nas pausas da labuta etérea
Engodos batizados de cultura.

Nos nadas de hoje o tudo habita,
História, arte, cultura e franqueza.
Respeito vai e volta como fita
Da forte e antiga alma portuguesa.

Em pleno papado da solidão
É pecado ser-se tradicional.
Pequemos juntos sem querer perdão,
Devolvamos ao Fado, Portugal.







sábado, 26 de janeiro de 2019

Extrema-Unção

Fonte: Pexels


Eu, de costas ao altar,
Digo ser o que não sou
Julgo até saber amar
Juro fazer o que passou.

Eu, de costas ao altar,
Finjo saber que és mentira.
Finjo chutar teu olhar
Finjo jurar ser-te ira.

Eu, de costas ao altar,
Diante da multidão.
Sou um fedelho a ralhar,
Com um brinquedo na mão.

As costas não mas queres dar,
Nem que mereça estar só.
Mas eu que nada sei dar
No pescoço dei um nó.

Julgo saber o que quero,
Mas nem saber sei se sei.
É hora do meu desespero
Só sei Pai, que te amei. 

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

Carnes vestidas


Bom ser materialista,
Estar sempre na conquista
Da razão para não crer.
Como dogma a vontade
De querer que a verdade
Seja órfã sem a ser.

Acreditam que os vestidos,
Surgem sem serem cosidos
E existem como um fim.
E sabem que eles passeiam,
Que amam e que saqueiam
Porque o tecido é assim.

domingo, 6 de janeiro de 2019

Céus e infernos


Não acredito nos infernos,
Porque sei que eles existem.
Não nos outros mas internos.
Vêm sempre que Eu decreto
O meu agir incorrecto,
E na sentença me assistem.

Os céus vejo-os nos contos
Como belas recompensas.
São vitórias nos confrontos
Com lugar na consciência
Nos quais a sobrevivência
Se despediu das ofensas.

Corre fita, vai mostrando
O personagem que sou.
Enquanto vejo, rezando.
Pois no final da cassete
O frame que se repete
É onde a história acabou.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Sair e ficar


Se é certo que não é meu
O poder da terra e céu
Ou de todo o amanhã,
Também não é do destino,
Culpa de eu ser libertino,
Nem da estrela da manhã.

Criados como manada,
Guiados pela varada
De pastores de carne e vícios,
Constantemente à mercê:
Para, em troca de não sei quê,
Nos salvarem de artifícios.

Mas se olhar para o eterno,
Sem ter medo do inferno
De um dom eu sou herdeiro.
Liberdade, um dever
Para quem quer merecer
Ser humano verdadeiro.

Provado o fruto real,
Que conhece o bem e o mal,
Resta-nos duas opções:
Mentir-nos mais que ao resto;
Ou sair de um jeito honesto
Do Éden das ilusões.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

Ideia Semente


Que coisa pode ser gente?
Frutos com sumo diferente,
Formas e cascas diversas.
Inférteis sendo para ter,
Se o ter não for para ser
E forem outros conversas.

Na fruta há fonte de vida,
E é na morte nascida,
Para a outros dar lugar.
Se viver pensando, a gente
Será para sempre vivente.
Pensa e hás-de semear.